domingo, 30 de março de 2008

Timezones



quinta-feira, 27 de março de 2008

PlayList



D. João de Castro

Carta que D. João de Castro (1500-1548) escreveu de Diu à cidade de Goa, em 23 de Novembro de 1546.

(2ª Parte)

…«os quaes vos prometto como Cavalleiro, e vos faço juramento dos Santos Evangelhos de volos mandar pagar antes de hum anno, posto que tenha, e me venhão de novo outras oppressoens, e necessidades mayores, que das que ao presente estou cercado. Eu mandey desenterrar D. Fernando meo filho, que os Mouros matarão nesta fortaleza, peleijando por serviço de Deos, e de ElRey nosso Senhor, para vos mandar empenhar os seus ossos; mas acharão-no de tal maneira, que não foy licito inda agora de o tirar da terra; pelo que me não ficou outro penhor, salvo as minhas proprias barbas, que vos aqui mando por Diogo Rodrigues de Azevedo; porque como já deveis ter sabido, eu não possuo ouro, nem prata, nem móvel, nem cousa alguma de raiz, por onde vos possa segurar vossas fazendas, somente huma verdade secca, e breve, que me nosso Senhor deu.



Mas para que tenhais por mais certo vosso pagamento, e não pareça a algumas pessoas, que por alguma maneira podem ficar sem elle, como outras vezes acconteceo, vos mando aqui huma provisão para o Thesoureiro de Goa, para que dos rendimentos dos cavalos vos va pagando, entregando toda a quantia que forem rendendo, até serdes pagos. E o modo que neste pagamento se deve ter, o ordenareis lá com elle. Hey por escusado de vos affeitar palavras, para vos encarecer mais os trabalhos em que fico, porque tenho por muito certo, por todos os respeitos, que acima digo, haverdes de fazer nesta parte tudo, e mais do que puderdes, sem entrever para isso outra cousa, salvo vossas virtudes costumadas, e o amor, que todos me tendes, e vos tenho. Encomendo-me, senhores, em vossas mercês. De Diu a vinte e três de Novembro de mil quinhentos e quarenta e seis.»


segunda-feira, 24 de março de 2008

Tibet


«Não há muitas coisas que possamos fazer para reduzir o sofrimento do Tibete. Mas temos a obrigação de fazer tudo o que podemos fazer.»


Timothy Garton Ash, no jornal Público, 22 de Março de 2008.


quinta-feira, 20 de março de 2008

Autoridade?

Muito rasca é uma sociedade onde acontece isto numa escola no centro do Porto, Carolina Michaelis. Todo um espectáculo e um circo gerados à volta de uma situação que só devia ter gerado vergonha e repugnação, não só para a aluna culpada como para todos os outros, que riam e comentavam como se estivessem a rir das figuras tristes que faziam. São mesmo isso, tristes. Assim se desvirtua o trabalho essencial da escola, que deve ser trabalho, avaliação, formação cívica e acumulação de capacidades. Todo um sistema se desvirtua, quando uma legião de especialistas a que chamam "psicólogos" desculpam as atitudes dos alunos devido às suas condições sociais e familiares.

Muito rasca é uma sociedade em que a linguagem sms é instrumento de comunicação corrente.
Muito rasca é uma sociedade em que o Hi5 serve de entretenimento em vez de livros ou cinema.
Muito rasca é uma sociedade em que a MTV molda as atitudes e comportamentos dos jovens.


Caso Eliot Spitzer

Cada vez mais nos dirigimos para uma sociedade em que a vida privada deve ser pública e imaculada. Segundo o establishment actual, os tablóides e as sondagens devem analisar um governante pela pureza dos seus costumes e não pelas suas ideias e políticas seguidas. Eliot Spitzer teve sucesso nas suas políticas. De repente, vê-se castigado por uma fúria inquisitorial dos "fazedores de opinião" que apenas levam à destruição da personalidade pública Eliot Spitzer. Um bom governador deixa assim de ter margem para continuar a sua carreira. Porquê? Falta de ética?
Sinceramente, quando vemos tantos outros políticos incompetentes e corruptos que acabam por ser premiados e respeitados. Sociedade rasca, a nossa.


Autoridade da concorrência

É assim que o governo premeia quem faz, reconhecidamente, um trabalho isento e de qualidade. Abel Mateus, depois de ter sido um bom presidente da Autoridade da Concorrência, é substítuido. Desta forma, o governo mostra a sua independência a isenção em torno desta questão. Como sempre, já estamos habituados.


terça-feira, 18 de março de 2008

D. João de Castro


Carta que D. João de Castro (1500-1548) escreveu de Diu à cidade de Goa, em 23 de Novembro de 1546.

(1ª Parte)

«Senhores Vereadores, Juízes, e Povo da muito nobre, e sempre leal Cidade de Goa ; os dias passados vos escrevi por Simão Alvares Cidadão dessa cidade as novas da vitória, que me nosso Senhor deu contra os Capitaens de ElRey de Cambaya, e calley na carta os trabalhos, e grandes necessidades em que ficava; porque lograsses mais inteiramente o prazer, e contentamento da vitória; mas já agora me pareceo necessário não dissimular mais tempo, e darvos conta dos trabalhos em que fico, e pedirvos ajuda para poder supprir, e remediar tamanhas cousas, como tenho entre mãos; porque eu tenho a fortaleza de Diu derribar até ao cimento, sem se poder aproveitar hum só palmo de parede; de maneira, que não somente he necessário fabricala este verão de novo, mas ainda de tal arte, e maneira, que perca as esperanças ElRey de Cambaya, de em nenhum tempo a poder tomar. E com este trabalho tenho outro igual, ou superior a elle aldemenos para mim muito mais incomparável de todos, que são as grandes oppressoens, e contínuos achaques, que me dão os Lasquerius por paga, de que lhes eu dou muita certeza, porque de outra maneira se me hirão todos, e ficarey só nesta fortaleza, o que será occasião de me ver em grande perigo, e por este respeito toda a Índia; como quer que os Capitaens de ElRey de Cambaya com a gente que ficou do desbarato, estão em Suna, que he duas leguas desta fortaleza, e ElRey lhes manda cada dia engrossar seu campo com gente de pé, e de cavalo, fazendo muitas amostras de tornar a tentar a fortuna, em querer dar outra batalha, para as quais coisas me he grandemente necessário certa soma de dinheiro; pelo que vos peço muito por merce, que por quanto isto importa ao serviço de ElRey nosso senhor, e por quanto cumpre a vossas honras, e lealdades levardes avante vosso antigo costume, e grande virtude, que he acodirdes sempre às estremas necessidades de Sua Alteza, como bons e leais vassalos seus, e pelo grande, e entranhavel amor, que a todos vos tenho, me querais emprestar vinte mil pardaos,»…


domingo, 16 de março de 2008

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sexta-feira, 14 de março de 2008

In perpetuam rei memoriam


Nacionalizações em Portugal

Foi no dia 14 de Março de 1975 que se operou, em Portugal, um dos momentos mais sombrios da história da sua História: a primeira grande vaga de nacionalizações, que se iria prolongar até finais de 1975.

As nacionalizações resultaram num fracasso. Mais tarde o Estado acabaria por reprivatizar muitas das empresas nacionalizadas, sobretudo as que ainda davam algum lucro acabando, algumas, por ser vendidas a estrangeiros.

Ainda hoje se fazem os efeitos das nacionalizações na nossa economia, basta ver gráficos de indicadores económicos desde 1950 até ao presente. Portugal, hoje, tem falta de capital e de grandes empresários e, parte, por culpa do aniquilamento efectuado no ano de 1975.


Para finalizar aqui fica um texto retirado do Jornal Expresso (suplemento de Economia), 29 de Setembro de 2007:

«As propriedades destas duas famílias, à semelhança de milhares de outras por todo o país, foram intervencionadas pelo Estado em 1975, no auge da Reforma Agrária. Os seus donos, na sequência destes acontecimentos pós-revolucionários, sem nada para gerir, sentiram-se na necessidade de sair do país.

“A terra a quem trabalha” era um dos «slogans» de então. O cantor Sérgio Godinho imortalizou o momento numa das suas músicas mais conhecidas, questionando: “Ó meu caro, vamos lá pôr os pontos nos is!/De quem são os campos deste país?/De você que diz que são seus porque os herdou /ou daquele que neles sempre trabalhou?” A música ficou, mas o modelo de gestão defendido não haveria de vingar


quinta-feira, 13 de março de 2008

Mundo actual

- A onça de ouro atingiu hoje os 1000 dólares

- O barril de petróleo superou os 111 dólares

Na origem da subida do preço do ouro está a procura de bens seguros; relativamente ao petróleo o constante aumento do número de veículos aliado a custos cada vez maiores de prospecção estarão na origem do fenómeno.

Definitivamente o Planeta Terra está a ficar pequeno para tantos seres humanos.


terça-feira, 11 de março de 2008

Portugal vs Espanha

O número de habitantes por cada automóvel constitui, regra geral, um indicador do nível de vida e grau de desenvolvimento de um país, sobretudo no séc. XX.

Observemos os valores para o ano de 1958:

EUA: 2,8 hab./ automóvel

UK: 13 hab./ automóvel

PORTUGAL: 65 hab./ automóvel

ESPANHA: 158 hab./ automóvel

Conclusão:

Portugal era, aparentemente, -na altura- um país mais rico e desenvolvido que Espanha. Hoje, como todos sabemos, é o contrário. Seria interessante fazer um estudo comparativo da economia dos dois países no séc. XX e XXI, e tirar daí algumas considerações práticas.


domingo, 9 de março de 2008

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sexta-feira, 7 de março de 2008

Catálogo “area 2008”





A area já nos habituou a excelentes catálogos, mas este ano excederam-se. O último catálogo, inclui uma sequência de imagens obtidas no Palacete de Monserrate (Sintra – Portugal) que são um deslumbramento para a vista, e, representam o triunfar do bom gosto e classe numa aliança perfeita entre o passado e o presente.


quarta-feira, 5 de março de 2008


O Blog Vantagem Comparativa atingiu ontem às 18h14m os 10.000 visitantes!

Obrigado a todos os que nos visitaram, às sugestões, às referências, às mensagens recebidas, aos blogs que colocaram links e a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para o consolidação deste blog.

Desde que surgiu em Julho de 2007 que o blog tem vindo a crescer nas suas múltiplas dimensões, e esperamos atingir, este mês, as 2.000 visitas.

Portugal vive actualmente um momento difícil: uma sociedade que cada vez mais se deixa enganar pelos políticos, que vive parcialmente alienada da realidade, fechada no seu microcosmos; uma economia que desde a entrada no Euro que está em recessão; a criminalidade e a delinquência que não param de aumentar, em parte, derivado de um Estado fraco; políticos – regra geral – reles e indignos dos nossos antepassados; uma paisagem cada vez mais destruída e cada vez menos natural; um constante aumento / criação de impostos; enfim, o nivelamento por baixo a alastrar como uma mancha de óleo.

Para além da desconfiança crescente não só com a nossa classe política, mas também com a génese de ser português, e que pode tomar a forma do vizinho do lado ou do colega de trabalho, tem reflexos numa sociedade a longo prazo. A SEDES, no seu relatório pessimista falava dos custos de transacção provenientes desta degradação de confiança nas relações (de trabalho, contratual, de convivência) entre indivíduos. Exemplificava esta degradação com uma maior necessidade por parte dos bancos, das seguradoras, ou outras entidades, de pedir mais garantias bancárias e mais provas do bom nome das pessoas com quem estabelece relações económicas. Por outro lado, quem devia dar em primeiro lugar o exemplo, o Estado, não dá. No domínio fiscal, trata o cidadão não como accionista mas como um simples devedor com quem não tem de se responsabilizar, atitude que se traduz na frase “paga primeiro, discute depois”. Nas finanças públicas, o Estado conforma-se com um défice de 3% do PIB, sobretudo porque sabe que quem vai pagar o aumento da dívida pública são as gerações seguintes. A governação, actualmente, constitui-se com um exercício a 4 anos, preparada e organizada para ganhar eleições a curto-prazo, e não como um dever cívico de longo-prazo, que tem como objectivo prioritário construir um país melhor para as gerações seguintes.

A esperança de um país melhor apenas se sustenta tendo por base pró-actividade e visão.

Reiteramos aqui a mensagem inicial deste blog: Politicamente correcto? Não.


sábado, 1 de março de 2008

Decadência do centro da cidade do Porto


Muito se tem falado sobre a decadência do centro da cidade do Porto, mas raramente se fala com objectividade, sentido prático e clareza. Todos opinam, todos falam, todos escrevem mas resultados práticos tardam em surgir. O planeamento urbano, dada a ausência de um nexo de causalidade directo (ao contrário – por exemplo - da Engenharia Mecânica, Informática ou Electrotécnica), é uma área onde abundam “especialistas”, “doutores”, “professores” que nada valem. É preciso começar a valorizar o mérito e a avaliar de forma objectiva, imparcial e abrangente as intervenções urbanas (antes e depois), e assim separar os incompetentes (alguns com grande capacidade de discurso) dos competentes.

Desde o “Porto 2001” que inúmeros estabelecimentos comerciais – históricos - fecharam. Os responsáveis pelos erros das obras/projectos do “Porto 2001” deveriam ter sido alvo de inquéritos e os seus responsáveis punidos.

A cultura de falta de exigência e de resultados práticos tem de ser eliminada; esperemos que o Dr. Rui Rio o consiga.