segunda-feira, 26 de maio de 2008

Na televisão portuguesa não consigo ver...

- O que se passa no Paquistão após as eleições em que o partido de Benazir Bhutto, considerado o partido laico por excelência, ganhou e constituiu governo.

- O que se passa na Rússia, após o poder ter sido entregue a Medveded por Putin, uma decisão que terá enorme impacto nas relações entre a Rússia e a União Europeia durante os próximos anos, e terá impacto directo no bolso dos europeus através da política seguida pelo governo, via Gazprom, em relação ao gás natural.

- Como está a situação no Darfur, mesmo tendo a certeza que a violência que se registava contra as populações negras mantém a intensidade, mas agora com um maior número de etnias e grupos armados envolvidos.

- O que se passa no Iraque, que tem muito mais vida (e economia) para além dos ataques bombistas.

- O que se passa na França, onde apenas sabemos o que se passa entre Sarkozy e Carla Bruni e, para além disso, Pauleta e o PSG.

- O que se passa nos EUA, onde ocorrem primárias de um partido que pode levar pela primeira vez, com grande probabilidade, um negro à presidência de um país ocidental desenvolvido.

- Análises decentes aos impactos da recente crise financeira americana, subprime, e aos motivos reais que levaram ao crescimento da inflação na zona Euro, nunca visto nos últimos 10 anos.

Mas vejo sempre...

- As novidades minuto a minuto do treino da selecção. Se o jogador A está lesionado, se o jogador B treina, se o jogador C faz apostas com a namorada, se o jogador D está zangado no clube onde está, se o jogador E vai para outro clube, (...)

- 20 minutos dedicados aos 3 clubes portugueses de maior dimensão, sem nada para dizer de substantivo.

- Uma contagem de mortos, desde o terramoto da China ao ciclone Nargis em Myanmar.

- Uma secção de apanhados, como se um telejornal servisse para entreter e não para informar.

- Uma compilação de política onde se escolhem as tiradas mais surrealistas e pomposas dos políticos, porque o resto não interessa ou dá muito trabalho analisar.

- Uma série de directos, que nada informam e proporcionam aos jornalistas um enorme esforço léxico para transmitir em 10 minutos, o que se diz em 1.

- Uma série de banalidades, que têm como expoente máximo o cigarro de Sócrates.

Tristeza.